Relator do que para muitos foi um golpe parlamentar, Jovair Arantes quase foi Presidente da Câmara, quase foi ministro e até agora só vimos desculpas e sorrisos amarelos para justificar a ausência dele junto aos articuladores do impeachment. O PSDB de Aécio Neves, e até o DEM de Caiado, foram agraciados por Temer depois da derrubada do PT. Outros partidos foram agraciados, com menos barulho é verdade, como se apenas o PSDB merecesse ser enaltecido por ter tirado Dilma da Presidência e aberto caminho para que Michel Temer, o decorativo, enfim realizasse o senho de ser Presidente do Brasil.
Relator da peça de ficção que retirou do poder uma pessoa com pouca habilidade no Mundo político, mas incontestavelmente honesta, colocando no poder um vice que antes era apenas decorativo, que sempre foi sagaz na arte de fazer política, tão articulador que mesmo sendo companheiro de chapa de Dilma, conseguiu convencer quase todos os partidos que ele era a única solução que poderia salvar o Brasil de uma recessão ainda maior.
Michel Temer nunca agradeceu ao Deputado goiano por sua brilhante atuação no teatro que resultou na queda da Presidente eleita democraticamente por mais de 54 milhões de brasileiros. Votos estes que aceitando ou não são de Temer também, afinal de contas Dilma do PT e Temer do PMDB formavam um time, sem muita expressão, mas que conseguiram derrotar os Tucanos Serra e Aécio sem precisar se esforçar muito, graças ao embasamento que os oito anos do governo Lula lhes concedeu às vésperas dos pleitos.
A "paga" ainda não veio, nem por meio de um Brasil melhor para todos, nem através dos cargos políticos desejados por Jovair, que não ficou mais forte em Brasília, nem mais influente e muito menos ministro de estado. Ao relator do que para muitos foi um mero golpe parlamentar restou aplaudir o Deputado Rodrigo Maia, vitorioso na disputa pela Presidência da Câmara e se contentar em ser eminência parda de um governo ilegítimo que só foi urgido ao poder máximo da República porque ele, Jovair, carregou na tinta na hora de elaborar o relatório que definiu o afastamento da petista.
Se Temer reconhecesse a atuação do parlamentar do PTB teria lhe cedido espaço no seu governo, ou no mínimo teria declarado apoio a ele na disputa pela Presidência da Câmara. Nada disso ocorreu e o barulho que se fez em torno dele foi torna-lo ministro, mais uma tentativa frustrada dos correligionários de sugerir que Jovair Arantes poderia ser integrante efetivo deste governo que ele ajudou a formatar durante a abertura e aceitação do processo na Câmara dos Deputados.
A condição de Ministro, assim como o convite de Michel Temer, nunca se confirmaram e da mesma forma com que elaborou o relatório que derrubou o governo petista, Jovair também se tornou um Ministro fictício, que até diverte alguns, mas que nunca é levado à sério por quem deveria. Ele foi útil, mas voltou a ser apenas mais um no emaranhado de adesistas do governo de Michel Temer.
Campeão de votos num passado recente em Goiás, Jovair Arantes tem bases fortes no estado, em que pese suas expressivas votações não terem se repetido em 2014, e que tendem a continuar caindo nos próximos pleitos, levando em conta tudo aquilo que ele fez em favor do vice decorativo, que diga se de passagem nunca foi reconhecido pelos ardilosos arquitetos do golpe, mas com certeza será lembrado pelos eleitores que até agora estão penando nas mãos do Governo de Michel Temer, um governo elitista que propõe reformas que vão no sentido contrário das conquistas do povo brasileiro. A reforma da Previdência vai retirar direitos dos brasileiros, mas podemos apostar que vai aposentar muitos políticos de carreira em todas as esferas dos poderes executivo e legislativo.
Para o Governo de Michel Temer o povo voltou a ser um mero detalhe, onde as autoridades só tem olhos para suas próprias demandas, seus privilégios e buscam a manutenção do poder, o fato dos brasileiros estarem deixando cada vez mais de votar em pleitos sucessivos, não parecem não tirar o sono de políticos, os números das abstenções são considerados absurdos, mas políticos tradicionais sempre apostam nos currais eleitorais e nos votos de cabresto, muitas vezes suficientes para garantir sucessivas reeleições.
Os eleitores que ainda pretendem votar demonstram uma tendência a eleger candidatos que venham para a disputa como novidade, alguém que de fato faça jus ao viés de mudança no cenário atual, que traga consigo novas práticas políticas que evitem o distanciamento do povo da política e dos políticos.
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